Denomina-se
surdocego aquele que possui dificuldades visuais e auditivas, independente da
sua quantidade na qual esta dupla perda sensorial cause problemas de
aprendizagem, de conduta e afete suas possibilidades de trabalho, por ser uma
deficiência única e especial requer métodos de comunicação especiais. Existem
dois tipos de surdocegueira: congênita e adquirida.
Não
podemos subestimar o potencial da pessoa com surdocegueira o que falta para
elas são estímulos e recursos de comunicação para responder significativamente
ao meio ambiente. O ambiente deve ser planejado e organizado adequadamente para
a inserção da pessoa com surdocegueira, propiciando a ela interação com os
objetos. É importante sabermos que a pessoa com surdocegueira não são
classificadas como múltiplas, pois quando bem estimuladas interagem com o meio
e com as pessoas.
Segundo
a Lei 7.853 de 24 de outubro de 1989 define-se como: deficiência múltipla a
associação, no mesmo indivíduo, de duas ou mais deficiência primárias
(intelectual, visual e física), com comprometimentos que acarretam
consequências no seu desenvolvimento global e na sua capacidade adaptativa.
Para Orelove e Sobsey (2000) as pessoas com deficiência múltipla são indivíduos
com comprometimento acentuados no domínio cognitivo, associados a
comprometimentos no domínio motor ou domínio sensorial (visão ou audição) e que
requerem apoio permanente, podendo ainda necessitar de cuidados de saúde
específicos. A deficiência múltipla é uma condição que resulta de uma etiologia
congênita ou adquirida assim como a surdocegueira.
A
existência de uma criança com fragilidade biológica e deficiência múltipla apresenta
desafios únicos e complexos para os pais e profissionais, hoje há uma evidente
necessidade de criar serviços de intervenção precoce diferenciados, adequados
às necessidades desta população emergente. Pesquisa mostra que o número de
alunos com deficiência na rede regular dobrou em cinco anos; para recebê-los é
preciso adequar espaços, organizar atendimento educacional especializado (revista
Escola Pública, Ano, número 37 de fevereiro de 2014/março2014).
A
pessoa com surdocegueira e a pessoa com deficiência múltipla possuem
característica especificas e peculiares ambas com necessidades únicas, portanto
faz-se necessário primarmos por dois aspectos importantes à comunicação e o
posicionamento.
Comunicação
é a troca de informação entre duas ou mais pessoas e ocorre de forma recíproca entre
indivíduos que envolvem um padrão natural de dar e receber iniciação e
resposta, a comunicação pode ser receptiva (ocorre quando alguém recebe e
processa a informação dada através de uma outra fonte), ou expressiva ( requer que o comunicador
pessoa que comunica passe a informação para outro individuo). Existe também a
comunicação não simbólica pode ser utilizada em conjunto com formas simbólicas
ou podem ser usadas isoladamente é um método efetivo de comunicação desde que a
forma da comunicação tenha uma função definida e conhecida, muito indivíduos
que são surdocegos e tem deficiências múltiplas usa a comunicação não simbólica
para tornar suas necessidades conhecidas. A comunicação simbólica é qualquer
sistema de palavras, sinais ou objetos usados para se comunicar que seja
formalmente organizado e regido por regras.
Os
símbolos tangíveis também são uteis não somente para indivíduos com
surdocegueira, mas também para indivíduos de todas as idades que experimentam
uma larga escala de deficiências, inclusive retardo mental severo, deficiências
de desenvolvimento, autismo ou distúrbios de desenvolvimentos difusos,
deficiência visual severa, deficiência ortopédica severa, e múltiplas
deficiências (Rowland & Schweigert 2000).
O
posicionamento é a adequação postural visa o conforto da pessoa com
surdocegueira ou com deficiência múltipla para que se sinta confortável em sala
de aula ou em qualquer outro ambiente e para fazer uso de gestos ou movimentos
para se comunicarem, não podemos esquecer que o campo visual do aluno e sua
acuidade visual influência os movimentos posturais de sua cabeça na busca de
uma visão mais precisa, aproveitando seu resíduo visual, tais movimentos indica
que o individuo esta adequando sua postura. É necessário estimular e favorecer
o desenvolvimento do esquema corporal da pessoa com surdocegueira ou com
deficiência múltipla, para o individuo possa se autoperceber e perceber o mundo
exterior deve-se buscar a sua verticalidade, o equilíbrio postural, a
articulação e a harmonização de seus movimentos; autonomia em deslocamentos e
movimentos; o aperfeiçoamento das coordenações viso motora, motora global e
fina; e o desenvolvimento da força muscular.
As
pessoas com surdocegueira e com deficiência múltipla, que não tem graves
problemas motores, precisa aprender a usar as duas mãos para diminuir eventuais
estereotipias motoras e para desenvolver um sistema estruturado de comunicação,
portanto devemos disponibilizar recursos para viabilizar a aquisição da linguagem
estruturada no registro simbólico, verbal e outros registros, como gestual por
exemplo.
Prever
a estimulação e a organização desses meios de interação com o mundo deve fazer
parte do Plano de AEE.
Referências
bibliográficas
BOSCO, Ismênia C. M. G.; MESQUITA,
Sandra R. S. H.; MAIA, Shirley R. Coletânea UFC-MEC/2010: A Educação Especial na
Perspectiva da Inclusão Escolar - Fascículo
05: Surdocegueira e
Deficiência Múltipla (2010). Capítulo 4 - A
escola comum e o aluno com surdocegueira. Capítulo 5 - Deslocamento em trajetos.
Capítulo 6 - Pessoa com surdocegueira.
ROWLAND Charity e SCHWEIGERT Philip - Soluções
Tangíveis para Indivíduos Com Deficiência Múltipla e ou com Surdocegueira. Apostila
In mimeo. Tradução Acess. Revisão:
Shirley R. Maia - 2013.
Livro: BLAHA, Robbie. Calendários - Para
Alunos com múltiplas deficiências Incluindo surdocegueira. Escola
Texas para Cegos e com Baixa Visão – 2003. Tradução em 2005 – Projeto
Horizonte. Tradução: Márcia Maurilio Souza. Revisão: Shirley Rodrigues Maia e Lília
Giacomini.
Livro: BRENNAN, Vickie, PECK, Flo,
LOLLI, Dennis. Sugestões para
modificação do Ambiente em Casa e na Escola - Um manual para pais e professores
de crianças com surdocegueira. Tradução José Carlos Morais (2004). Revisão
e Adaptação para o português do Brasil: Shirley Rodrigues Maia e Lília Giacomini.
Revista Pública. Ano V. Número 37. Fevereiro 2014/março 2014.Educar para a inclusão.
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