A
pessoa com surdez tem muitos obstáculos a transpor para realmente participar da
educação escolar devido a sua perda auditiva, a forma como as propostas educacionais
da escola se estruturam na qual o aluno com surdez é prejudicado devido á falta
de estímulos adequados ao seu potencial cognitivo, sócio-afetivo, linguístico e
político-cultural influenciam na sua aprendizagem. Diversos autores e pesquisadores
nos trouxeram pesquisas que auxiliam na educação de alunos com surdez na escola
comum valorizando as diferenças no convívio social e o reconhecimento do
potencial de cada ser humano. Segundo Poker (2001), as trocas simbólicas
provocam a capacidade representativa e favorece o desenvolvimento do pensamento
e do conhecimento, em ambientes heterogêneos de aprendizagem, as praticas
excludentes não respeitam a identidade surda, sua cultura e comunidade. É
importante rompermos com praticas excludentes e buscarmos uma escola comum que
reconheça e valorize as diferenças, que busque meios de garantir desde a
educação infantil até o ensino superior uma aprendizagem onde a pessoa com
surdez possa transpor barreiras no processo educacional e usufruir de seus
direitos escolares tornando-se um cidadão de acordo com os princípios
constitucionais do nosso país.
Temos
que ver a pessoa com surdez, como um ser biopsicossocial, cognitivo e cultural,
capaz de produzir e adquirir conhecimentos. Dessa forma família, sociedade e
escola precisa enxergar a pessoa com surdez como seres capazes de desenvolver
suas potencialidades dentro e fora do ambiente de aprendizagem, conforme lembra
Damázio e Ferreira (2009, p. 08), pensar e construir uma prática pedagógica que
se volte para o desenvolvimento e potencialidades das pessoas com surdez é
fazer com que esta instituição esteja preparada para compreender essa pessoa em suas
potencialidades, singularidades e diferenças e em seus contextos de vida.
Damázio e
Ferreira (2009) consideram como principal causa para o sucesso ou fracasso escolar
do aluno com surdez a adoção de uma ou outra língua. O trabalho pedagógico na
escola comum deve ser desenvolvido em um ambiente bilíngue.
Colocando
a pessoa com surdez na condição excludente das relações sociais,
descontextualizadas. Apontam como saída para a dicotomização das pessoas com ou
sem deficiência, a nova Política Nacional de Educação Especial, numa
perspectiva inclusiva, pois se trata de uma política que busca valorizar e
respeitar o homem em suas especificidades, mas que se igualam na convivência,
na experiência, nas relações e nas interações, rompendo assim com o paradigma
da dicotomização entre oralistas e gestualistas, colocando o bilinguismo como
forma de libertar a pessoa surda sob a ótica multicultural, deslanchando para
outros contornos: a LIBRAS e a Língua Portuguesa em suas variantes de uso
padrão envolvendo os aspectos formais e pragmáticos. Com a legitimação da
abordagem bilíngue aplica-se a obrigatoriedade dos dispositivos legais do
Decreto 5.626 de 5 de dezembro de 2005, que “determina o direito de uma
educação que garanta a formação da pessoa com surdez, em que a Língua
Brasileira de Sinais e a Língua Portuguesa, preferencialmente na sua modalidade
escrita, constituam línguas de instrução, e que o acesso as duas línguas ocorra
de forma simultânea no ambiente escolar, colaborando para o desenvolvimento de
todo o processo educativo.” (DAMÁZIO; ALVES; FERREIRA, 2009, p. 09). O AEE envolve
três momentos didático-pedagógicos: Atendimento Educacional em libras de libras
e de língua portuguesa propiciando ao aluno com surdez a oportunidade de
demonstrarem se beneficiar de ambientes inclusivos de aprendizagem.
A criança adquire a linguagem na interação com
as pessoas à sua volta, ouvindo e/ou vendo a língua ou as línguas que estão
sendo usadas. (QUADROS p.15,2011). Assim escola é o espaço onde devem ser
criadas diferentes estratégias de aprendizagem que supram não somente as
necessidades dos alunos surdos, mas também que contribua na melhoria da
aprendizagem de seus pares. O AEE em parceria com o professor da sala regular
bem estruturado propicia uma organização didática que contribuirá para a
compreensão dos conceitos referentes aos conteúdos curriculares, levando o aluno
com surdez a estabelecer relações e ampliar seu conhecimento acerca dos temas
desenvolvidos em língua portuguesa e em libras.
Referências
Coletânea
UFC-MEC/2010: A Educação Especial na Perspectiva da Inclusão Escolar. Fascículo
05: Educação Escolar de Pessoas com
Surdez – Atendimento Educacional Especializado
em Construção, p.46-57.
DAMÁZIO,
M. F. M.; ALVES, C. B. Atendimento
Educacional Especializado do Aluno com Surdez. Capítulo 2. São Paulo :
Moderna, 2010.
Quadros,
Ronice Muller de. Língua de sinais: Instrumentos
de Avaliação/ Ronice Müller de Quadros, Carina Rebello Cruz.-Porto Alegre:
Artmed,2011.